Um dia folheando um livro, encantei-me com a palavra Ariadne, alusão ao mito grego da jovem que procura salvar o seu amado Teseu, perdido no labirinto e, possivelmente, prestes a ser devorado pelo minotauro. Para que não se esvaísse no labirinto, como outros jovens sacrificados, Ariadne sugeriu que ele fugisse. Teseu resistiu, enfrentaria o minotauro. Então, ela desfiou o novelo e o entregou, por entre seus dedos segurou uma parte do novelo, ele a outra. Caso fosse vitorioso, ele retornaria, bastava seguir o fio. O guerreiro, por fim, retornou para Ariadne.
Muito tempo depois, encontrei esta palavra novamente. Fio de Ariadne, agora, significava a capacidade que temos de coser o futuro e relembrar tudo que vivemos. Desfiar o fio é como um retorno, um olhar para si, para o outro, para ver o que o futuro nos reserva.
Como diz a pesquisadora Eclea Bosi, para localizar uma lembrança, não basta apenas um fio de Ariadne é preciso desenrolar fios de meadas diversas, pois o ato de lembrar é um ponto de convergência dos muitos planos do nosso passado.
Seguindo as pistas de Éclea, pretendo narrar algumas histórias, desfiar lembranças, narrativas de mim, sobre outros (cada pessoa sempre traz as marcas de tantas outras pessoas) e sobre o jornalismo. A tessitura para tudo isso ainda é uma incógnita, mas ela pode se chamar memória
Andréa Cristiana (Texto)
Foto do professor Dogival Torquato, do rio em Curaçá.
Andréa Cristiana (Texto)
Foto do professor Dogival Torquato, do rio em Curaçá.
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