quinta-feira, 26 de julho de 2012

Lembranças de um filho


Primeiro de abril de 1964, militares com apoio da população civil destituíram João Goulart e assumiram o poder. Em todo o país, trabalhadores, sindicalistas e comunistas foram presos. Contudo, as vítimas não foram apenas militantes históricos.

Em Juazeiro, como nos contou a jornalista em Multimeios, da Universidade do Estado da Bahia, Karem  Moraes, em reportagem especial para o Gazzeta do São Francisco, que circulou ontem (26/07), o professor Chico Romão foi uma das pessoas presas, acusadas de subversão.

Chico Romão era um professor, pai de família e um homem muito conhecido na cidade. Homem com ideias firmes e princípios. Professor de Matemática, ensinava no Ginásio Ruy Barbosa, foi preso em abril de 1964 e ficou três meses detido em Salvador. No momento da prisão, muitos de sues alunos e alunas o viram sendo conduzido em uma caminhonete, exposto nas ruas da cidade, como uma forma de demonstrar para a população que, qualquer pessoa, poderia ser atingida pela repressão. Um ato para  disseminar o medo e o horror, pois essa era a lógica da Doutrina de Segurança Nacional, que foi praticada por militares e apoiada também por civis.  

A prisão de Chico Romão e de outros juazeirenses precisa ser esclarecida pelo Estado Brasileiro, por meio dos documentos policiais que contam e narram as circunstâncias e os motivos das detenções. A Comissão da Verdade, instituída pela presidente Dilma, tem esse desafio: o de que toda a sociedade brasileira compreenda e conheça o que aconteceu durante a ditadura civil-militar. É necessário que todos tenhamos o Direito à Memória e à Verdade Histórica. 

É preciso ainda que outros relatos jornalísticos sobre a prisão de pessoas na cidade de Juazeiro se tornem comuns, veiculados e transmitidos por emissoras de televisão, rádio e portais eletrônicos. Precisamos investigar o passado, encontrar familiares, selecionar informações, contar o que aconteceu. Essas informações serão relevantes para que possamos contar a história da cidade e dar a justa homenagem a quem a construiu.

Andréa Cristiana Santos

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